segunda-feira, 22 de junho de 2009

Senador se compromete a protocolar PEC

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) deve protocolar na terça-feira, dia 23, a chamada PEC dos jornalistas - a Proposta de Emenda à Constituição Federal, que, em sendo aprovada, tornará definitivamente obrigatória a exigência do diploma de nível superior para o exercício da profissão de jornalista no Brasil.
Ele espera conseguir sem problema as 27 assinaturas necessárias para aprovar a PEC. "Com todo o respeito que tenho ao Supremo Tribunal Federal, foi uma decisão equivocada. O jornalista é um profissional cujo trabalho é reconhecido. É uma tradição a legitimidade. O Brasil não pode retroceder”, destacou o senador. O deputado federal Eduardo Amorim (PSC-SE) prometeu apoiar a PEC na Câmara.
(ADAPTADO DE: Joedson Telles em Universo Político)

OAB/SE vai propor PEC para exigência de diploma para jornalista
Extraído de: OAB - Sergipe - 20 de Junho de 2009

O presidente da OAB/SE, Henri Clay Andrade, entende que a decisão do Supremo Tribunal Federal pela inconstitucionalidade da exigência de diploma de nível superior para o exercício da profissão de jornalista caracteriza um retrocesso histórico. Mas, na interpretação constitucional, a última palavra é a do Supremo Tribunal Federal, ressalta o presidente Henri Clay.
Diante deste contexto, conforme enaltece o presidente da OAB/SE, a alternativa viável para resgatar a exigência do diploma é incluí-la, de forma clara, na Constituição Federal. O fim da exigência do diploma de jornalista desmantela a categoria profissional de jornalista e pode propiciar uma desqualificação técnica e mediocrização da comunicação, entende Henri Clay. O que seria um verdadeiro atentado à cidadania e enfraquecimento da democracia.
A OAB/SE vai propor à bancada de deputados federais e de senadores sergipana que eles assumam compromisso em deliberar o Projeto de Emenda Constitucional para exigência do diploma de jornalista. O presidente da OAB/SE, Henri Clay Andrade, vai encaminhar para o Conselho Federal da OAB proposta para que a exigência do diploma de nível superior para o exercício da atividade jornalística seja assunto debatido na próxima sessão do Conselho Federal da OAB, a ser realizada no mês de agosto.
Para o presidente em exercício da OAB/SE, Valmir Macedo de Araújo, a decisão do STF representa um verdadeiro atentado ao mega princípio da liberdade de expressão. Valor democrático e republicano que se valoriza com a qualidade da informação, entende Macedo.
Sem dúvida, a imprensa livre e independente só se consolida com profissionais graduados em cursos superiores e devidamente estruturados em Diploma Profissional que prime pela ética e qualificação técnica dos seus membros, ressalta Macedo. Espero que o Congresso Nacional, em sintonia com o povo, procure corrigir esse equívoco trazendo alternativa constitucional que restabeleça a graduação técnica como exigência ao exercício da profissão de jornalismo, enfatiza.

Enviado por Cassia Santana em sab, 20/06/2009 - 09:38. OAB/SE

domingo, 21 de junho de 2009

No túnel escuro do tempo: 1959-2009

Vivo em 2009. Não em 1959. Adoraria que Drummond estivesse vivo e escrevendo crônicas nos jornais ainda. Ele está vivo em minha prateleira.
E ele nunca teve que mofar horas atrás de uma fonte. Nunca teve de dar mil telefonemas para conseguir o daquela fonte difícil que vai te dar a manchete que o jornal quer. Ele nunca foi até um acampamento de sem-teto. Nem teve de sair correndo do protesto onde queimam pneu na rua porque o menino foi atropelado para ir até o palácio do governo e esperar a coletiva daquele ministro que veio hoje visitar a cidade. O que o poeta fazia era crônica. Coisa que muitos outros fazem ainda. Inclusive nem precisam ir até a redação para isso. Mandam de casa. Muitos que são magistrados, escritores, geneticistas, artistas plásticos, médicos também escrevem seus artigos... Simpaticamente podem até ser chamados de jornalistas, ao serem colaboradores. Têm seus empregos formais. Com salários, em geral, muito maiores do que o piso daquele repórter que meteu o pé na lama para cobrir a enchente.
Achando que o trabalho do editor setorial ou do repórter é igual ao destes articulistas de domingo ou igual ao do Manuel Bandeira (que eu amo e foi citado na ação) é que o STF decidiu discriminar jornalistas. Sim, discriminar, tratar de modo diferente, desigual e desrespeitoso.
Na lógica dos ministros, se Joaquim José já tirava dentes do pessoal na antiga Vila Rica, não precisamos mais cobrar diploma de Odontologia. Sim, ele alegou que podemos agir hoje em plena era da internet do mesmo modo que se agia antes da década de 50 quando se começou a plantar os cursos de jornalismo. Ele acha que quando eu me propus a fazer vestibular, escolher um curso superior, eu estava colocando o jornalismo em um patamar inferior ao da Biologia, da História ou do Direito, que estavam entre as milhares de opções do caderno de cursos da Universidade. Não, para mim e todos os que escolheram o jornalismo quando já estava estabelecido como uma profissão de nível superior ele não era um curso menor. Não era a mesma coisa que trabalhar no quiosque que faz um churrasquinho delicioso aqui na esquina. Não era, não foi e não será.
Para explicar que fazer aquele texto com base na coletiva do ministro ou no protesto dos moradores de rua é diferente de escrever as crônicas lindas do Fernando Sabino é que iremos agora propor uma Emenda à Constituição. Porque o texto jornalístico não é literatura, exige outra técnica diferente, com base na objetividade, atende a critérios que a notícia precisa ter. Pode ter um resultado menos belo do que o texto da crônica do Drummond, mas é devido a textos assim que a sociedade foi informada de falcatruas de magistrados, por exemplo. Para trabalhar este tipo de problema jornalisticamente, é preciso técnica e teoria exercitadas há décadas na Universidade e não iremos abrir mão de profissionais assim para lidar com a notícia.
Em tempo: não queria viver em 1959, naquele tempo, o sonho mais comum para mim seria cozinhar para meu marido. Não tinha curso de jornalismo aqui e poucas mulheres estavam nas redações.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

ENQUETE SOBRE O FUTURO DO “JORNALISTA”:

Você amiga (o) “displomado” (a palavra não respeita a regra culta de formação de palavras porque agora não é preciso respeitar mais nada, não é mesmo? rsssss), o que pretende fazer a partir de agora?

a) Vender os livros de jornalismo que tem em casa e comprar umas vodkas para esquecer tudo?
b) Vender pulseirinha em Pipa já que não era preciso estudar mesmo para ganhar a vida, né?
c) Fazer trabalho arte-reciclagem com os antigos diplomas que vai recolher dos amigos?
d) Cobrar indenização de Gilmar Mendes pelos quatro anos que você passou gastando neurônios, energia e dinheiro na Universidade?
e) Entrar com uma ação para cair a exigência de diploma de Direito para ser magistrado e ir trabalhar no STF? Afinal, eles não operam ninguém também e julgar é uma coisa que todo mundo consegue fazer, é inerente ao ser humano, não precisa de Universidade para isso. Até porque, no júri popular, por exemplo, a decisão é oriunda da análise dos leigos, ou seja, o juiz não é necessário...

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quinta-feira, 18 de junho de 2009

Agora ao invés de diplomada sou “displomada”

Desvalorizada, desmoralizada é assim que me sinto.
Quer dizer que agora qualquer um pode ser jornalista?
Estou envergonhada de dizer esta palavra. Confessar que sou uma...
Uma nada, afinal, alguém de qualquer formação pode exercer o ofício. Assim, não há identidade, não existo.
Se uma das formas de nos situarmos no mundo é através de nossa identidade profissional, posso dizer que acordei hoje e descobri que não sou nada. Não valho nada.
Incrível o que os sábios do STF fizeram. De dentro de suas togas desconhecem um saber específico que foi construído ao longo de décadas, de estudo, de exercício, de reflexão. Não estou pensando apenas na valorização da Universidade não. E se fosse só isso já seria o bastante. Por que desvalorizar o estudo? Se já construímos até pós-graduação na área? Por que retroceder?
Como será a partir de agora? Um exemplo: trabalho em uma assessoria de comunicação. Meu “cliente” agora pode se sentir no direito de dizer como devo redigir uma matéria, roteirizar um vídeo ou divulgar uma informação? Sim, ele pode. Afinal, como posso argumentar com ele a respeito do conhecimento específico que eu tenho da área, como profissional qualificada? Qualquer leigo pode chegar e fazer esse trabalho.
Enfim, faço uma mea culpa também. Não me mobilizei a altura para impedir tamanho desastre. Mas, é que jamais imaginei que senhores tão cultos pudessem ser capazes de ato de tamanha barbárie.
Como faremos um edital para concurso público para preenchermos vaga na área? Não podemos exigir o diploma, nem se quisermos. Afinal, algum curioso desempregado pode entrar com ação e fazer a prova também. Preocupo-me não é nem com a questão ética não, tão propalada por ser a mais importante aos olhos da sociedade, com razão. Penso na qualidade mesmo do material a ser produzido, que tem de ter viés jornalístico. Um leigo saberá diferenciar a forma de escrever para diferentes veículos ou as diversas modalidades dentro do universo tão multifacetado do jornalismo?
Cotidianamente, nós, os profissionais (ao menos até ontem éramos isso), somos instados por nossas fontes a dar tal ou qual direcionamento que eles acreditam ser o melhor. (não estou falando só do interesse maléfico não, estou falando até dos bem-intencionados, aqueles que têm boa vontade de ver algo bom divulgado, mas não entendem a melhor forma para alcançar este objetivo). Agora, não temos como convencer que aquela forma deles trabalharem o material noticioso não é o melhor. Por que seria? O que sabemos a mais que eles?

Que tipo de textos sairão das redações?
Ah, vão sair aqueles que os proprietários das empresas querem. O interesse nesta ação foi deles. Muito curioso que tenham sido eles os interessados em defender o artigo quinto da Constituição... Como percebemos cotidianamente, vemos que eles dão muita voz à sociedade, à liberdade de expressão...
O que vai acontecer? O que antes era velado agora ficará explícito. Quero falar mal do senador tal, então contrato um cara que é cupincha do oponente dele que vai se esbaldar fazendo material unidirecional e nada profissional. Essa pressão para fazer este trabalho sujo sempre existiu e muitos até o fazem com satisfação devido à canalhice que é fator pessoal e não inerente a uma profissão. Mas, um profissional ainda tentaria argumentar que não é possível trabalhar a informação assim, pois existem parâmetros para agir.
Ao menos era no que eu acreditava, mas, sei lá, acho que não sei de nada.
O incrível é que a nossa situação nem mereceu ser a manchete do dia nos jornais locais ...